quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

EDUCAÇÃO PERMANENTE nas Equipes da SACIS

Vida, Trabalho, Processos Educativos e Saberes

Maria do Carmo Canani
Colegiada de Assessoria

A partir da definição da Educação Permanente como um dos eixos ou princípios da política nacional e municipal de assistência social, vários espaços de formação vêm sendo construídos na SACIS: formação básica, formação de educadores/as sociais, formação nas equipes, entre outros. Em 2010, três novas equipes solicitaram à Secretaria (primeiro através da DPGE, e depois da Colegiada de Assessoria) uma proposta de formação:

CRAS Nordeste: A atividade teve início a pedido da Diretora, entendendo a importância de os/as trabalhadores/as pensarem sobre as atribuições de cada função na equipe (assistente social, psicólogo/a, educador/a, agente administrativo etc), na perspectiva de um trabalho mais coletivo. Partindo de um encontro introdutório para refletir sobre o trabalho como processo histórico e os saberes construídos nesse processo, entrou-se na discussão sobre as “atribuições”. Para aprofundar a discussão, utilizaram-se textos de Morin para trabalhar os conceitos: complexidade, disciplinaridade, multi, inter e transdisciplinaridade. Destaca-se a importância desse espaço pela participação dos/as trabalhadores/as, buscando nos encontros formativos um lugar de reflexão e motivação para uma prática mais coletivizada.

CRAS Leste: A atividade foi proposta pela Diretora, a partir da constatação de que se fazia necessário os/as trabalhadores/as pensarem sobre as responsabilidades do trabalho em equipe. No entanto, só se conseguiu, até agora, realizar um primeiro encontro, introdutório, sobre o trabalho enquanto processo histórico.

Cadastro Único: Essa atividade foi iniciada a pedido da Diretora, que percebia a necessidade de os/as trabalhadores/as terem um espaço de reflexão sobre o seu trabalho. O processo teve início em março, passando a haver um encontro mensal de formação. A temática de fundo trabalhada nesse processo foi: vida, trabalho, processos educativos e saberes. Da mesma forma que no CRAS Nordeste, destaca-se a importância desse espaço pela participação dos/as trabalhadores/as, legitimando-o enquanto lugar que lhes oportuniza pensar/ver o seu trabalho para além de uma tarefa técnica e burocrática – um processo educativo, com produção e renormatização de saberes. No último encontro, que se realizou no Parque Imperatriz, no dia 21 de dezembro, foi construída a memória do processo de trabalho e do próprio espaço de formação ao longo do ano. Para isso, entre outras atividades, cada trabalhador/a foi desafiado/a, inicialmente, a tirar uma foto que pudesse expressar o que foi marcante em seu processo de vida e trabalho em 2010, sendo feita depois uma socialização. Seguem as fotos e as falas dos/as trabalhadores/as da equipe:


CRIANÇAS NO ESCORREGADOR (Ana Fraga): Combina com a nossa equipe. Vida e Trabalho. Brincadeira e seriedade, mas com responsabilidade. Isso é uma arte.


ORGÃNICO E SECO (Soraia): Símbolo do ciclo. Uma das artes de trabalhar no Cadastro, na Secretaria, na Prefeitura, é a capacidade de se adaptar e lidar com as frustrações. Tudo muda, e, às vezes, nada muda.


FORMIGUEIRO (Ana Foesten): Cadastro Único. É bem o Cadastro. As formigas não trabalham sozinhas. O trabalho começa no CRAS, até chegar no usuário.

BORBOLETA (Paola): A borboleta tem um ciclo muito curto. Trabalho. Termina os cadastros bloqueados, vai para os cartões, crianças que não vão à escola. Termina na versão 7 (onde começa).


ENXADAS (Anderson): Mesmo a dureza da enxada, do trabalho, não tira a beleza da vida (as árvores lá atrás).


CONTEMPLAÇÃO (Grégori): Tem uma relação comigo: estar contemplativo. É algo que a gente faz no Cadastro. Apesar de ser um trabalho técnico, que tem critérios específicos, a gente faz muita reflexão.


ALEGRIA (Marcela): O mesmo que a Ana disse: apesar de tudo (o trabalho é bem difícil), a gente consegue rir de tudo, fazer piada. Algumas pessoas nos veem como um bando de adolescentes, mas a gente encontra humor e sentido para o trabalho.



RAÌZES (José): Todos temos raízes, independente de aceitar ou não. A raiz é a nossa base. Aquelas folhas ... o leque de amizades de trabalho. Se não tivéssemos raízes, diante de tantas dificuldades deste ano, não conseguiríamos superar.


TRABALHO (Jorge): É bem simples. Quando eu vi eles cortando os galhos das palmeiras ... é como o nosso trabalho. É preciso ter momentos bem árduos para chegar a um outro momento – uma estrada que eu vi.

TRANSFORMAÇÃO (Maclóvia): Ele está trabalhando, e não está deixando de transformar o parque. Como no nosso trabalho, a gente também tá transformando.


LIBERDADE (Gisele): Eu queria tirar foto do ninho. Ele trabalha pra ter a base – mulher e os filhinhos. A nossa equipe acaba sendo uma outra família. O produto final pode ser o que as pessoas têm, a sua vida.



CRESCIMENTO (Beatriz): Tudo o que já foi dito: as crianças, a raiz, o trabalho. Crescimento.


PEGADAS (Taís): Os meus pés. Ele está indo e está voltando. Primeiro eu fotografei o pessoal do CAPS – bem simbólico pra mim. Eu fui e voltei. Em alguns momentos, foi bem difícil, eu tive que retroceder. A gente deixa marcas por onde passa. Mas aprendi com tudo – a gente sempre aprende alguma coisa.



LUZ, SOMBRA, INTENSIDADE (Maria do Carmo): 2010 foi, para mim, um ano em que se mesclaram luz e sombra em todos os momentos. Luz, sombra, intensidade. Na vida e no trabalho. Nos espaços de vida e trabalho na Secretaria, um pouco da impressão de sempre se estar começando tudo de novo, diante de tantas mudanças: pessoas que saíram, pessoas que chegaram, pessoas que saíram e voltaram ... novas e velhas propostas ... tudo vivido de forma muito intensa. No campo da educação permanente, uma experiência bem bonita, para mim, foi essa da formação em algumas equipes, como o Cadastro Único. Aprendi muito com a alegria, irreverência, intensidade desse grupo. Como eu sempre brinco: vamos fazer a revolução. Acredito que esse e outros espaços formativos são uma forma de fazer cotidianamente pequenas revoluções.

4 comentários:

Soraia disse...

Brigada Maria pela experiência em 2010!

Cristina disse...

Que bonitas as descrições! E que estes importantes momentos de reflexão que vivemos em 2010 possam ter continuidade neste ano que está iniciando...

Anônimo disse...

O processo de educação permanente é intrínsico a própria experiência de vida e trabalho que só encontra sentido na constante reflexão. Que em 2011 esse processo permaneça com a sensibilidade e ousadia de até agora.

Rosete disse...

Tive oportunidade de participar bem no inicio das formações,e eu era resistente ,hoje sinto muito não estar presente nos encontros.
Parebéns que tenha continuidade em 2011.