quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

CARAS NOVAS NA SACIS



Ireneo Antonio Massoco
Assessor DPSB

Nasci no distrito de Rodeio Bonito (hoje município) Palmeiras das Missões – Região do Alto Uruguai – RS. Filho de pequenos agricultores, trabalhei na agricultura até os 17 anos e neste período concluí o ensino fundamental. Após, migrei para a cidade de Palmeira das Missões onde trabalhei por três anos num restaurante e nesta época, entre os anos de 78-80, concluí o ensino médio. Após este período migrei para a grande Porto Alegre ou para ser mais exato para o município de Sapiranga. Vim com o objetivo de trabalhar e estudar. Porém, por não conhecer os meandros das grandes metrópoles, morar em pensões (não ter casa própria) e por ser um trabalhador do ramo do calçado me deparai com dificuldades para estudar e por isso parei por cinco anos. Fora do meu habitat natural (longe da família), sem nenhum apoio e desconhecendo totalmente a cultura da cidade, foi impossível conciliar trabalho e estudo. Então me dediquei com afinco ao trabalho na indústria do calçado e em cinco anos passei por várias funções, entre elas contramestre e gerente de produção. A ascensão nas funções (e nos salários) começava a me trazer e dar satisfação pessoal de um lado, mas de outro comecei a ser acometido por interrogações, indagações e conflitos. As razões destes conflitos eram a incapacidade de conciliar a posição de chefe (patrão) na indústria e ao mesmo tempo, mentor de uma ideologia socialista, com o mesmo público. Foi neste momento de interrogações e dúvidas que decidi tomar outra posição em minha vida. Comecei a trabalhar numa instituição religiosa e estudar filosofia na faculdade Nossa Senhora da Conceição em Viamão. Permaneci por um ano e meio e saí por não concordar com a estrutura e as diferenças ideológicas. Então, vim morar e trabalhar em São Leopoldo na Paróquia Santo Inácio, no ano de 1987, com o padre Orestes João Stragliotto e continuei meus estudos de filosofia na Unisinos. Foi aí que comecei a me encontrar. Neste período as lutas populares e greves eram muito fortes e seguiam nas indústrias, bancos, escolas e principalmente, nas indústrias da borracha. Aqui em São Leopoldo, principalmente na construção do Dique na zona Norte. Por muitas vezes mobilizamos a paróquia para protestar e trancamos a BR 116 com o objetivo de sensibilizar o governo federal e estadual para liberar os recursos (contrapartida) para a construção do Dique, já que a Alemanha tinha enviado 40% dos recursos necessários e também auxiliado na construção de passarelas. Foi nesses (e outros) movimentos e lutas populares que despontou a liderança Ary José Vanazzi. Foi também neste período que surgiu a liderança Nestor Schwertner, porém com perfil sindicalista. Muitas lutas juntos enfrentamos nas portas de fábricas. E foi neste período que estudei teologia na PUC, terminando no ano de 1993 e me ordenando sacerdote, onde atuei por quinze anos (até dezembro de 2008). Em janeiro de 2009, entrei na SACIS, onde encontrei muitas pessoas interessadas, responsáveis e comprometidas com as relações sociais e a valoração das dimensões antropológicas. Sinto-me muito bem identificado com este grupo e fui muito bem recebido por todos.

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